Indicadores De Saúde E
A Vigilância Epidemiológica
Dra. Izabel Galhardo Demarchi
Me. Renata Cristina Souza Chatalov
MINHAS METAS
Olá estudante,
Seja bem-vindo(a) ao tema
Indicadores De Saúde E A Vigilância Epidemiológica!
Neste conteúdo vamos conceituar os métodos da ciência
epidemiológica, ressaltando a questão das variáveis e
indicadores de saúde, problematizando instrumentos e
técnicas de medida de doença e saúde na pesquisa
populacional e descrever o processo de coleta de dados
para a geração de informações epidemiológicas para a
caracterização dos eventos de saúde que ocorrem nas
populações, nos grupos de indivíduos e na coletividade
humana. Vamos também apresentar as formas de expressão dos
resultados dos indicadores de saúde, conceituando a
frequência absoluta e relativa; os indicadores de saúde,
ressaltando a importância do indicador para a avaliação da
situação de saúde das populações. E por fim, descrever a
estrutura e as funções do sistema de vigilância
epidemiológica para doenças transmissíveis e não
transmissíveis. Identificar as fontes de dados em saúde e
conhecer os sistemas de informação em saúde. Vamos lá?
Ao final deste tema de aprendizagem você será capaz de:
Conceituar os métodos da ciência epidemiológica.
Descrever o processo de coleta de dados para a geração
de informações epidemiológicas para a caracterização dos
eventos de saúde.
Apresentar as formas de expressão dos resultados dos
indicadores de saúde, conceituando a frequência absoluta
e relativa.
Descrever a estrutura e as funções do sistema de
vigilância epidemiológica para doenças transmissíveis e
não transmissíveis.
Identificar as fontes de dados em saúde e conhecer os
sistemas de informação em saúde.
Inicie sua jornada
Estudante, aqui, você compreenderá
como podemos aplicar algumas ferramentas
epidemiológicas,
como os indicadores de saúde e a vigilância epidemiológica nas
atividades rotineiras , assim como para o planejamento e a avaliação das
políticas de
saúde.
Inicialmente, são abordados os métodos epidemiológicos, ou
seja, referenciamos as estratégias, técnicas e procedimentos
de pesquisa no campo da Epidemiologia. Você terá subsídios
conceituais para reconhecer e aplicar as variáveis
epidemiológicas e os indicadores de saúde.
Também abordaremos as técnicas para medir a doença e a
saúde nas populações para, em seguida, apresentarmos as
estratégias metodológicas para modificar os determinantes
e os mecanismos do processo saúde-doença.
Você aprenderá como expressar os resultados
epidemiológicos em frequências, absoluta e relativa. Serão
abordados os principais indicadores de saúde, seus
cálculos e interpretações. Os indicadores são utilizados
para o planejamento de ações e serviços em saúde pelos
gestores, e para a avaliação de programas e serviços de
saúde.
Por fim, faremos uma breve síntese de como atua a vigilância
epidemiológica, desde a sua estrutura e dos objetivos até as
suas ações em saúde. Ainda nesse tópico, você será capaz de
encontrar as fontes de dados mais importantes em saúde e
conhecer os principais sistemas de informação, que podem ser
utilizados para o conhecimento da situação de saúde de uma
população.
Desenvolva seu potencial
MÉTODOS EPIDEMIOLÓGICOS: CONCEITOS
Você aprenderá a utilizar algumas das ferramentas
epidemiológicas usadas para quantificar a situação de saúde de
uma população, assim como compreenderá o papel da Vigilância
Epidemiológica para a coleta de dados e a geração de
informações em saúde que podem ser utilizadas pelos
gestores, sanitaristas e pesquisadores para as tomadas de
decisões e o planejamento das ações e dos serviços de saúde.
Também abordaremos como as variáveis e indicadores
epidemiológicos são utilizados no campo epidemiológico
Primeiramente, definiremos a noção de metodologia, desde o
descobrimento do problema e da obtenção de soluções até a
geração e a correção de hipóteses. Também abordaremos como
as variáveis e indicadores epidemiológicos são utilizados no
campo epidemiológico.
Quando analisamos a situação de saúde de populações, nós nos
deparamos com diversos problemas de saúde, que precisam ter a
ocorrência confirmada e mecanismos para sua identificação e
resolução e para a geração de novas ideias. Para se ter fatos
reais relevantes, que mereçam prioridade e maior atenção pelos
gestores e comunidade, a pesquisa do problema deve ser
sistematizada e generalizada, ou seja, de ponta (ALMEIDA
FILHO; BARRETO, 2011; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
Portanto, inicialmente, precisamos descobrir qual é o
problema, a ‘’lacuna” em um conjunto de conhecimento. O
problema pode estar evidente e claro, ou podemos sugerir um
problema a partir de métodos quantitativos, ou ainda recolocar
um velho problema à luz dos novos conhecimentos (ALMEIDA
FILHO; BARRETO, 2011; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999). Por
exemplo, podemos verificar que a AIDS tem sido um problema
evidente no mundo; observa-se que as mortes por acidente de
trânsito têm aumentado significativamente nos últimos anos; e
que casos de sarampo voltaram a ser notificados em algumas
regiões do país.
Após a colocação do problema, devemos procurar conhecimentos e
instrumentos para a solução deste problema. Por exemplo:
encontrar técnicas que detectem precocemente indivíduos
infectados pelo HIV para se evitar o desenvolvimento da AIDS
propriamente dita, como a detecção precoce da infecção por
métodos laboratoriais. Em seguida, deve-se solucionar o
problema, o que é uma das etapas mais difíceis, pois podemos
utilizar meios empíricos e teóricos já existentes ou
identificados, ou ainda inventar novas ideias (hipóteses,
teorias e técnicas) (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; FRANCO;
PASSOS, 2011; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999). Por exemplo,
investigar novos medicamentos para o tratamento do HIV, ou
métodos de cura.
Ao obter uma solução, as suas consequências deverão ser
investigadas. Utilizando o exemplo acima, pode-se investigar o
prognóstico de um paciente infectado pelo HIV tratado com um
novo medicamento. Devemos provar que a solução para o problema
é pertinente, se o resultado é satisfatório e, se sim, dar a
pesquisa como concluída. Caso contrário, devemos corrigir as
hipóteses, procedimentos, teorias ou dados empregados na
obtenção da solução incorreta. Seria o recomeço da
investigação, um novo ciclo da pesquisa (ALMEIDA FILHO;
BARRETO, 2011; FRANCO; PASSOS, 2011).
Aprofundando
Atualmente, com a modernização dos sistemas de saúde, nós
temos uma crescente variedade e complexidade dos serviços
prestados pelos profissionais de saúde à disposição da
população, assim como muitos gastos. Diariamente, são muitos e
complexos os dados registrados pelos sistemas de saúde, os
quais podem ser transformados em informações que refletem,
além da situação de saúde, a eficácia e o sucesso das ações
prestadas e de programas de saúde pública, bem como constituir
a base para a formulação de hipóteses e metodologias de estudo
(PEREIRA, 2002; ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; ROUQUAYROL;
ALMEIDA FILHO, 1999).
Os dados coletados podem ser a ocorrência de uma condição
única, como um agravo à saúde
Os dados coletados podem ser a ocorrência de uma condição
única, como um agravo à saúde (uma doença, uma sequela
pós-traumática, um efeito adverso e outros); um fator de
risco (por exemplo, exposição ao fumo ou álcool); uma
característica populacional, como raça e condições
econômicas, ou outro evento de interesse; um grupo de
condições, como doenças infecciosas ou cardiovasculares, por
exemplo (PEREIRA, 2002).
A coleta de informações é sistemática sobre eventos
relacionados à saúde de uma população definida e na
quantificação desses eventos (MEDRONHO, 2009). Um problema
epidemiológico pode ser muito evidente, podemos dizer que
salta aos olhos, como uma grave epidemia.
Outras vezes, o problema é latente e o tempo de
aparecimento do problema é longo. Esses fatos mais
“escondidos” emergem quando se utilizam estratégias de
investigação mais elaboradas e que requerem uma
sensibilidade e percepção do investigador
(ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO,
1999).
Um outro aspecto relevante para o diagnóstico de saúde é a
abrangência populacional que esses dados representam, que
é importante para a utilização de técnicas de amostragem
populacional aleatória, para que toda a diversidade possa
ser selecionada sem vieses do pesquisador (PEREIRA, 2002).
Outro aspecto que deve ser minuciosamente observado é a
seleção dos indicadores de saúde (Tópico 4), que devem ser
selecionados adequadamente e retratar muito bem a
população.
Os principais indicadores utilizados no mundo são o de
morbidade (coeficiente de pessoas doentes em uma população por
uma determinada doença) e o de mortalidade (taxa de óbito em
uma população, geral ou específica) (PEREIRA, 2002).
Processo de seleção de amostras de elementos da população alvo
para realizar um levantamento epidemiológico.
utilizada para descrever o estado de saúde populacional
é o estudo epidemiológico descritivo, que organiza os
dados e evidencia as frequências dos eventos de saúde em
diversos grupos da população, permitindo comparar os
resultados entre esses grupos. Neste tipo de estudo, o
evento de saúde é descrito de acordo com características
pessoais, do lugar e tempo (ALMEIDA FILHO; BARRETO,
2011; PEREIRA, 2002; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
Por exemplo: pode-se estudar o número de casos de AIDS
segundo o gênero, município e ano de notificação. A
Epidemiologia também auxilia na identificação de grupos
de pessoas mais vulneráveis a uma doença (FRANCO;
PASSOS, 2011; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999), por
exemplo, os profissionais manicure e pedicure são mais
vulneráveis à infecção por hepatite B e C (SÃO PAULO,
2017).
parte da pesquisa e da validação de uma hipótese
epidemiológica, que surge a partir de enunciado que
propõe uma explicação para um fenômeno relacionado à
distribuição ou à frequência de um desfecho em
populações, utilizando para isso os fatores de risco e
as medidas de risco. Ao ser formulada, a hipótese deve
levar em consideração os dados da doença na população e
das variações ambientais, associados à exposição aos
fatores de risco (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011).
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS: DA COLETA À INFORMAÇÃO
Todo esse processo de geração de conhecimento
científico-técnico é iniciado pela observação, tomada como
matéria-prima. As observações são transformadas em dados que
podem produzir informações no final do processo produtivo,
emergindo como conhecimento científico e tecnológico. Na
observação temos a identificação, a seleção, a coleta e o
registro sistemático de características, propriedades ou
atributos relevantes de objetos naturais, culturais, pessoais
e sociais. Podem ser objetos de observação: o homem, o
ambiente, as condições sócio-econômicas, uma célula, a massa
corpórea, uma doença, etc. (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011;
ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
Os
dados
podem ser expressos como indicadores, no sentido de que
indicam parâmetros (valor ideal de uma dada dimensão) ou
propriedades (quantificáveis) do objeto em observação. Os
dados não refletem nenhuma informação quando analisados
isoladamente, é necessário que haja um aglomerado de dados
para que tenham algum valor científico ou para que sejam
utilizados para tomadas de decisão. A transformação do dado em
informação requer uma ferramenta analítica a partir da qual o
dado é organizado, classificado, condensado e interpretado.
Por exemplo: o peso de um feto em particular é um dado,
compará-lo com um parâmetro estabelecido gera a informação de
desnutrição ou de um bom estado nutricional (ALMEIDA FILHO;
BARRETO, 2011; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
A estrutura dos dados
Quando transformamos os dados em informações, estas podem ser
chamadas de variáveis, que quanto à sua natureza
podem ser qualitativas
(como sexo feminino e masculino, renda, ocupação, procedência,
situação conjugal, presença ou ausência de uma enfermidade
etc.)
e quantitativas
(número de casos, estatura, pressão arterial, temperatura
corporal, níveis de colesterol e outros) (ALMEIDA FILHO;
BARRETO, 2011; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
Zoom no Conhecimento
As variáveis qualitativas podem ser numeradas para facilitar a
digitação em bancos de dados, ou seja, podemos codificá-las;
por exemplo: se a doença for ausente, podemos atribuir a ela o
número zero (0), enquanto para aqueles que possuem a doença,
podemos a atribuir o número um (1). Ainda para as variáveis
categorizadas, demos como exemplo o estado civil: solteiro=0,
casado=1, divorciado=2, viúvo=3.
As variáveis quantitativas podem ser contínuas ou descontínuas
(discretas), classificadas de acordo com os limites de
variação. Estas referem dois valores consecutivos expressos
por números inteiros, não sendo possível fracioná-los
(exemplo, número de casos de uma doença, 10 casos de dengue).
Já as contínuas são aquelas que admitem valores fracionados,
independente do valor consecutivo (exemplo: temperatura
corporal, 36,5°C) (ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999; ALMEIDA
FILHO; BARRETO, 2011; FRANCO; PASSOS, 2011).
As variáveis ainda podem ser classificadas como dependentes e
independentes, em termos matemáticos. As variáveis
independentes são aquelas representadas no eixo x das
abscissas; e as ordenadas do eixo y são as dependentes. A
variável independente será o fator causal, sendo o efeito
final a variável dependente, aquela que depende do fator de
risco para ser desencadeada. A independente antecipa a
dependente (ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999; ALMEIDA FILHO;
BARRETO, 2011).
Em alguns manuais de Epidemiologia, a variável dependente
também é denominada de “variável resposta” (em inglês:
outcome
), e seus valores dependem das variáveis independentes,
denominados de ‘“variáveis preditoras”.
Em uma perspectiva geral, as variáveis epidemiológicas são
expressas como dados a partir de indicadores
(ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011).
Aprofundando
Os
indicadores epidemiológicos
sintetizam a relação entre os doentes ou outros desfechos
(óbito, doença, sujeitos portadores de uma doença e outros
resultados) e o conjunto de membros de uma população. Os
indicadores equivalem à probabilidade de adoecer, e constituem
uma expressão geral e simplificada do que chamamos de
risco
. Ora, os indicadores podem ser calculados por taxas, razão ou
proporção, e como coeficientes. Como já citamos anteriormente,
os principais indicadores utilizados para avaliar o estado de
saúde das comunidades são os de mortalidade e morbidade
(ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011).
Fontes dos dados
As fontes dos dados podem ser primárias ou
secundárias, e
ainda coletadas de forma contínua ou periódica
. As fontes primárias são aquelas em que os dados são obtidos
diretamente dos indivíduos participantes das pesquisas, a
partir de exames ou entrevistas, como nos estudos
observacionais utilizados em Epidemiologia. Os registros
diários e sistemáticos das atividades profissionais de saúde
nos serviços, suas ações e intervenções, constituem fontes
especiais dos dados secundários, que alimentam os sistemas de
informação. São incluídos também como fontes especiais os
registros em cartório, os prontuários clínicos, os arquivos de
laboratórios, entre outros.
Os dados mais coletados são a Declaração de Óbito, a
Declaração de Nascido Vivo e a Ficha de Notificação de casos
de doenças e agravos à saúde
(ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; FRANCO; PASSOS, 2011;
ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999; MEDRONHO, 2009).
Os dados secundários são muitas vezes obtidos por meio
eletrônico a partir dos sistemas nacionais de informação e de
inquéritos populacionais, que cobrem um amplo interesse sobre
os perfis de morbimortalidade, os fatores de exposição e os
determinantes das condições de saúde. As fontes mais
importantes para obtenção de dados de interesse em saúde no
Brasil são pertencentes ao Ministério da Saúde (MS) e à
Organização Pan-Americana (OPAS). Uma das fontes mais
utilizadas é a Rede Interagencial de Informações para a Saúde
(RIPSA), que viabiliza um conjunto de dados e informações com
a publicação
Indicadores e Dados Básicos para a Saúde no Brasil
(ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO,
1999; MEDRONHO, 2009).
Em relação ao tempo de coleta dos dados, pode-se obtê-los de
forma contínua ou episódica, ou ainda com periodicidade não
definida.
Os dados contínuos podem ser obtidos a partir do registro
civil, de notificações e de registros de óbitos, doenças e
agravos, como aqueles obtidos também pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Também são contínuos os dados obtidos e que alimentam o
Sistema Nacional da Vigilância Epidemiológica, o Sistema
Nacional de Agravos de Notificação (SINAM), o Sistema de
Informação de Mortalidade (SIM) e o Sistema de Nascido Vivos
(SINASC), dentre muitos outros pertencentes ao MS (tópico
5). Nesses sistemas, podem ser coletados diversos dados,
como os relativos a óbito, doença, sexo, idade, estatura,
peso, raça, ocupação, estado civil, tipo de parto e outros
(ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011; FRANCO; PASSOS, 2011;
ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999; MEDRONHO, 2009).
Zoom no Conhecimento
É muito importante a transparência das ações e das aplicações
de recursos em saúde para uma boa gestão, seja ela pública ou
particular. É a partir da transparência que nós, cidadãos e
profissionais de saúde, sabemos onde e como nossos recursos
estão sendo aplicados A Lei n° 12.527 regulamenta o direito
constitucional de acesso dos cidadãos às informações públicas.
Assim nasceu o portal da transparência do Ministério da Saúde
(MS), que pode ser acessado em http:saude.gov.br. O MS também
conta com Sala de Apoio à Gestão Estratégica (SAGE), que
disponibiliza as informações e análises de forma gráfica e em
tabelas, de modo executivo e gerencial, para subsidiar as
tomadas de decisões, a gestão, a prática profissional e a
geração de conhecimento, e demonstrar a ação da gestão na
saúde no âmbito do SUS. Embora seja público, a SAGE é uma
ótima referência para as instituições de saúde demonstrarem
seus indicadores de saúde de modo representativo. Para ver
mais,
clique aqui
Os dados periódicos geralmente são aqueles obtidos por
inquéritos epidemiológicos realizados nos estudos
observacionais, como os transversais, que analisam a situação
de saúde de uma população em um período limitado, ou ainda,
são obtidos por estudos longitudinais que acompanham um grupo
de populacional para verificar fatores de risco e
determinantes de doenças e agravos em saúde. Como exemplo de
fonte de dados periódicos, temos o inquérito de maior
abrangência geográfica e periódico, a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD). Uma outra base importante é o
Instituto Nacional do Câncer (INCA). Destaca-se também o
VIGITEL, do MS, que realiza inquéritos domiciliares a partir
de entrevistas por telefone em todos os municípios das
capitais. Neste inquérito, podemos obter dados como as
características sócio-demográficas, de alimentação, de
atividade física, de tabagismo, de consumo de álcool e drogas,
de saúde bucal, de violência e outros (ALMEIDA FILHO; BARRETO,
2011; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
Os instrumentos de coleta devem ser tão simples quanto
possível e fáceis de serem organizados e analisados
posteriormente. Deve-se assegurar o correto preenchimento dos
dados que tenham variáveis suficientes para a produção de
informação, pois a insuficiência de dados poderá prejudicar a
interpretação do estudo, assim como a coleta excessiva e
complexa, que pode levar a erros e falhas de preenchimento.
Torna-se, também, muito importante a capacitação e o
treinamento dos pesquisadores ou dos indivíduos que alimentam
os sistemas. Os instrumentos mais utilizados são os
formulários, protocolos, questionários e roteiros, que podem
ser aplicados diretamente e pessoalmente para o participante
ou via
internet
, correspondência e outros (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011;
ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
RESULTADOS EPIDEMIOLÓGICOS
A maioria dos resultados ou informações em saúde são expressos
como indicadores, e a preparação destes envolve a contagem de
unidades, como o número de doentes, de óbitos, etc. A forma
mais simples de representar um resultado é a partir do número
absoluto, denominando de frequência absoluta.
Essa forma de expressão de um
resultado
é a mais utilizada pela imprensa leiga rotineiramente . Por exemplo: foram
detectados dez casos de dengue na
semana. Esses resultados podem ser utilizados para comparar a
situação de saúde entre regiões e em tempos diferentes (veja a
Tabela 1) (PEREIRA, 2002; GORDIS, 2009; FRANCO; PASSOS, 2011).
Outra forma de expressão é a frequência relativa, mais
utilizada para facilitar a comparação e interpretação e na
qual os valores absolutos são expressos em relação a
outros valores absolutos, calculando-se a porcentagem (%)
(veja Tabela 1) (PEREIRA, 2002; GORDIS, 2009; FRANCO;
PASSOS, 2011).
Para você entender melhor a frequência absoluta e
relativa, vamos dar como exemplo os resultados de Pierre
Louis, que realizou estudos para investigar a mortalidade
por pneumonia após tratamento com a sangria (Tabela 1).
O estudo revelou, a partir da frequência absoluta e relativa
do número de óbitos, que a sangria realizada logo no início
dos sintomas era extremamente prejudicial para o tratamento da
doença (PEREIRA, 2002).
Tabela 1 – Letalidade da pneumonia em franceses submetidos à
sangria, Paris, 1835.
Início do tratamento/sangria (dias)
Número de pacientes
Frequência absoluta (número de
óbitos)
Frequência relativa (letalidade) (%)
1-3a
24
12
50
4-6b
34
12
35
7-9c
19
3
16
Total
77
27
35
Fonte: Pereira (2002).
*A sangria foi iniciada entre o primeiro e terceiro dia da
doença; b a sangria foi iniciada a partir do quarto dia da
doença; c a sangria foi iniciada a partir do sétimo dia da
doença.
Aprofundando
Os resultados relativos também podem ser expressos a partir do
cálculos de coeficientes ou taxas, nos quais o número de casos
é relacionado com o tamanho da população da qual eles
procedem. O numerador é definido pelo número de casos
detectados e o denominador é o número total da população sob o
risco de adoecer. O numerador é o número de pessoas acometidas
pela doença ou exposta ao fator de risco, e o denominador é o
número total de pessoas sob o risco (PEREIRA, 2002; FRANCO;
PASSOS, 2011).
Veja como podemos estruturar um coeficiente: (número de
casos/população sob risco no período do estudo) x constante. A
constante pode ser qualquer múltiplo de 10 (10, 100, 1.000,
10.000 e etc.). Multiplica-se pela constante para facilitar a
comunicação dos resultados e a comparação entre populações com
tamanhos diferentes de amostragem (PEREIRA, 2002; FRANCO;
PASSOS, 2011). Demos como exemplo dados hipotéticos, na cidade
X ocorreram 10 casos de dengue a cada 10.000 habitantes por
semana epidemiológica, enquanto que na cidade Y foram apenas 3
casos a cada 10.000 habitantes. Quando utilizamos a constante
100, fazemos a relação de porcentagem, muito utilizada nos
estudos observacionais e retrospectivos.
Figura 1 – Tratamento com sanguessugas.
Fonte: Freepik
Os estudos de Pierre Louis mostraram que a sangria utilizando
sanguessugas sobre a pele era prejudicial para o tratamento da
pneumonia e não benéfico, como se acreditava naquela época.
Os
indicadores de saúde
são parâmetros utilizados internacionalmente ou
nacionalmente para verificar a situação de saúde de
populações, sob o ponto de vista sanitário, permitindo a
comparação com parâmetros estabelecidos, ou entre regiões
e períodos, assim como com o intuito de mudar uma situação
presente julgada insatisfatória. Também podem ser
utilizados para subsidiar uma tomada de decisão de forma
racional e bem fundamentada ou ainda como faceta
diagnóstica, uma vez que tem caráter de prognóstico, pois
podem presumir o que provavelmente ocorrerá no futuro
tendo como base os indicadores do passado e do presente
(PEREIRA, 2002; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999; MEDRONHO,
2009).
Zoom no Conhecimento
A escolha de um indicador de saúde para a interpretação de uma
situação de saúde requer muitos aspectos metodológicos, éticos
e operacionais. Um indicador deve medir e representar o
fenômeno considerado, ou seja, ele deve quantificar o fenômeno
e ser capaz de discriminar corretamente o evento dos outros.
Além deste aspecto, o indicador deve ter alta confiabilidade,
também conhecida como reprodutibilidade, o que significa que
deve permitir a obtenção de resultados semelhantes quando a
mensuração é repetida (PEREIRA, 2002; FRANCO; PASSOS, 2011;
MEDRONHO, 2009).
A representatividade se refere à cobertura populacional que
esse indicador alcança. Geralmente, para que o indicador tenha
esse alcance, utiliza-se a técnica de amostragem para se obter
um processo adequado de seleção das unidades componentes da
amostra. Deve-se considerar os aspectos éticos, uma vez que os
indicadores devem manter o sigilo e não podem acarretar
malefícios ou prejuízos às pessoas investigadas. Do ângulo
técnico-administrativo, o indicador deve ser de fácil cálculo,
interpretação e obtenção, baixo custo operacional, e ainda o
cálculo deve ser simples e flexível (PEREIRA, 2002; FRANCO;
PASSOS, 2011; MEDRONHO, 2009).
Atualmente, a forma mais confiável para se obter informações
válidas e de fácil transformação de dados é a utilização de
computadores para a digitação de bancos de dados
informatizados. Os dados são armazenados em computadores e,
assim, são mais fáceis de serem manipulados, atualizados e
comparados no tempo e espaço (PEREIRA, 2002). A escolha do
coeficiente é determinada pelos dados disponíveis e pelo
propósito da análise dos dados, e deve ser realizada de forma
adequada para evitar vieses nas interpretações da situação de
saúde (GORDIS, 2009; FRANCO; PASSOS, 2011; MEDRONHO, 2009).
Morbidade
Os indicadores de morbidade permitem inferir os riscos de o
indivíduo adoecer, indicam os determinantes das doenças e a
escolha das ações saneadoras adequadas.
Em comparação com a mortalidade, a morbidade é mais
sensível para expressar mudanças a curto prazo . Os registro de doença ou
outros agravos são coletados
rotineiramente pelos serviços de saúde e, devido à sua
facilidade operacional de registro, este é o caminho mais
simples para se verificar o estado de saúde das populações
(PEREIRA, 2002; FRANCO; PASSOS, 2011; MEDRONHO, 2009).
Os dados ainda podem ser obtidos por inquéritos
epidemiológicos, uma vez que não existe um sistema
rotineiro adequado para registro
Os dados de doença podem ser obtidos por diagnósticos de
altas hospitalares, atendimentos de consultas, arquivos
como prontuários e laudos laboratoriais, atestados e
notificações compulsórias. Os dados ainda podem ser
obtidos por inquéritos epidemiológicos, uma vez que não
existe um sistema rotineiro adequado para registro, ou
usualmente isto não é requerido (PEREIRA, 2002; FRANCO;
PASSOS, 2011; GORDIS, 2009; MEDRONHO, 2009).
O cálculo de morbidade é dado pela fórmula=
número de indivíduos acometidos pela doença, período, ano X
constante
número de pessoas na população
Limitações: as pessoas muitas vezes não percebem as
anormalidades ou ainda tardam a procurar os serviços de
saúde, o que pode alterar as estatísticas e a variabilidade
dos registros de morbidade (PEREIRA, 2002).
Mortalidade
Historicamente, é o primeiro indicador utilizado em saúde
coletiva. Até hoje, é o mais empregado.
Isso se deve à sua facilidade operacional, à
objetividade
do termo óbito e à obrigatoriedade da notificação do óbito e
de sua causa . O seu registro compulsório permite que a base de dados seja
mantida e atualizada constantemente pelos técnicos do governo
e divulgada periodicamente (PEREIRA, 2002; FRANCO; PASSOS,
2011; GORDIS, 2009; MEDRONHO, 2009).
Os indicadores de mortalidade ainda podem ser específicos,
como:
•
Coeficiente de mortalidade por causas específicas
= (número de óbitos por uma causa específica/número
total de indivíduos sob o risco) x múltiplo de 10,
geralmente 100.000;
•
Coeficiente de mortalidade materna
= (número de óbitos por causas ligadas à gestação, parto
e puerpério, área, ano/ nascidos vivos no mesmo período)
x múltiplo de 10;
•
Coeficiente de mortalidade infantil
= (número de óbitos em menores de um ano, na área,
ano/número de nascidos vivos, na área, ano) x 1000. Este
indicador é sempre multiplicado por mil nascidos vivos,
é um parâmetro universal. Veja abaixo a ilustração da
distribuição da taxa de mortalidade infantil no mundo
(2008);
•
Coeficiente de mortalidade neonatal infantil precoce
= (número de óbitos em recém-nascido do dia zero a 6
dias de nascimento, área, durante o ano/total de
nascidos vivos, área, durante o ano) x 1000. Geralmente,
as mortes são relacionadas com anormalidades congênitas
e infecções intrauterinas;
• Coeficiente de mortalidade neonatal
,
tardia
= (número de óbitos em recém-nascidos com sete a 27 dias
de nascimento, área, durante o ano/total de nascidos
vivos, área, durante o ano) x 1000. Geralmente, o óbito
está relacionado a gastroenterites, infecções
respiratórias e má nutrição;
•
Coeficiente de mortalidade neonatal, pós-neonatal
= (número de óbitos em recém-nascido com 28 a 364 dias
de nascimento, área, durante o ano/total de nascidos
vivos, área, durante o ano) x 1000. Estes óbitos estão
relacionados com infecções respiratórias, má nutrição,
acidentes e outros.
Um dos maiores desafios da mortalidade é a alta taxa de
mortalidade por causas evitáveis, ou seja, óbitos que
poderiam ser evitados quando tomada alguma medida
preventiva. Essas mortes evitáveis geralmente estão
relacionadas com os baixos níveis sanitários e sociais da
população. Por exemplo: a mortalidade materna é quase
cinco vezes maior em países do Terceiro Mundo, e é
considerada como morte evitável. Os óbitos por acidente de
trânsito e outros também são considerados evitáveis
(PEREIRA, 2002).
Apesar de ser o indicador mais utilizado, apresenta algumas
limitações importantes que merecem destaque, pois podem
diminuir a sua qualidade. Um dos maiores problemas é a
subcontagem do numerador, o que pode acontecer devido a mortes
não informadas, registros de óbito inexistentes, cemitérios
clandestinos e outras causas. Também ocorre a sobre-contagem
do numerador por certidões duplicadas, por exemplo. O
denominador exige uma estimativa correta da população. Ainda
se perde qualidade quando o número de médico é baixo para cada
mil habitantes, e quando se tem causas de óbito mal definidas
(PEREIRA, 2002; GORDIS, 2009; MEDRONHO, 2009).
Outros indicadores
Abaixo, citamos um dos indicadores utilizados para avaliar a
situação de saúde, diagnóstico e prognóstico de populações
(GORDIS, 2009):
número de pessoas que morrem por uma doença dividido
pelo número de pessoas com a doença no ano;
número de óbitos por uma doença dividido pelo número de
pessoas naquela população (doentes e não doentes) por
ano;
percentual de pessoas vivas em cinco anos após o início
do tratamento ou cinco anos após o diagnóstico da
doença. Esse coeficiente é muito utilizado para
avaliação de tratamentos para câncer;
sobrevivência observada ao longo do tempo, na qual se
observa o número de indivíduos vivos a cada ano após o
início do tratamento ou da doença;
extensão do tempo em que a metade da população estudada
sobrevive;
é a sobrevivência esperada em pessoas com a doença
dividido pela sobrevivência esperada em pessoas sem a
doença;
este índice é chamado de multidimensional, e incorpora
tanto o impacto das doenças quanto o dos óbitos que
incidem em uma população.
Além desses indicadores, outros podem ser selecionados para
ava- liar programas e serviços de saúde, como a taxa (%) de
cobertura populacional, a taxa de imunização em menores de um
ano, o acesso a água potável, o acesso a esgoto, o acesso aos
serviços de saúde, entre outros (PEREIRA, 2002).
VOCÊ SABE
RESPONDER?
Você conhece os indicadores de saúde do seu município e como
eles têm sido aplicados para as tomadas de decisão?
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Explicar a ocorrência de doenças e a distribuição dos
indicadores auxilia na identificação de causas e de seus
determinantes (MEDRONHO, 2009; GORDIS, 2009). Essas
explicações fornecem subsídios para a investigação etiológica
e para as tomadas de decisões (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011;
PEREIRA, 2002; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 1999).
Assim nascem os núcleos de vigilância, uma vez que o
seu
objetivo é monitorar a ocorrência de problemas de saúde e a
documentação dos seus efeitos em uma população definida, e
caracterizar as pessoas afetadas e com maior risco . Os dados da vigilância
podem ser utilizados para informar e
avaliar programas de saúde pública e identificar tendências
futuras, auxiliando os planejadores de saúde (ROTHMAN
et al
., 2011)
O termo
vigilância
significa o ato de vigiar, atenção, cuidado. A Vigilância em
Saúde é o ato de observar e analisar permanentemente a
situação de saúde da população, desenvolvendo um conjunto de
ações destinadas a controlar determinantes, riscos e danos à
saúde de populações que vivem em determinados territórios. Os
componentes da vigilância são: vigilância e controle das
doenças transmissíveis; vigilância das doenças e agravos não
transmissíveis; vigilância da situação de saúde; vigilância da
saúde do trabalhador; vigilância ambiental em saúde e
vigilância sanitária. Todos com o objetivo de diminuir
coeficientes de morbimortalidade; aumentar a qualidade de vida
e garantir acesso da população aos serviços de saúde
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
No Brasil, o marco da institucionalização das ações de
vigilância ocorreu em 1966-1973, com a Campanha de Erradicação
da Varíola (CEV). Em 1969, o modelo da CEV inspirou a Fundação
Serviços de Saúde Pública (FSESP) a organizar um sistema de
notificação semanal de doenças selecionadas e a disseminar
informações pertinentes em um boletim epidemiológico de
circulação quinzenal. Em 1975, ocorreu a 5ª Conferência
Nacional de Saúde, na qual foi instituído o Sistema Nacional
de Vigilância Epidemiológica (SNVE), sob a Lei n° 6.259/75 e o
Decreto n° 78.231/76. A partir desta lei, tornou-se
obrigatória a notificação de doenças transmissíveis. Em 1988,
o SUS incorporou o SNVE e definiu a Vigilância Epidemiológica
(VE), a partir da Lei Orgânica da Saúde 8.080 (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2009, on-line)²:
Aprofundando
conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção
ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e
condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a
finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e
controle das doenças ou agravos. Consequentemente, a
vigilância deixou de ser um setor acessório e passou a
integrar o nível decisório da gestão. As atividades principais
da VE são a coleta e o processamento dos dados coletados; a
análise e a interpretação dos dados processados; a
recomendação das medidas de controle apropriadas; a promoção
das ações de controle indicadas; a avaliação da eficácia e
efetividade das medidas adotadas; e a divulgação de
informações pertinentes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). A VE tem
muitos desafios, como a profunda mudança no perfil
epidemiológico das populações (mudanças sociais e
demográficas); o declínio das taxas de mortalidade por doenças
infecciosas e parasitárias e do crescente aumento das mortes
por causas externas e doenças crônicas degenerativas, o que
implicou na incorporação de doenças e agravos não
transmissíveis ao escopo de atividades da VE.
Ainda, a VE tem o propósito de fornecer orientação técnica
permanente para os profissionais de saúde, que têm a
responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de
controle de doenças e agravos, tornando disponíveis, para esse
fim, informações atualizadas sobre a ocorrência desses casos,
bem como dos fatores que a condicionam, numa área geográfica
ou população definida (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). Os dados
coletados geralmente são os dados demográficos,
socioeconômicos, ambientais, de morbidade e mortalidade e as
notificações de surtos e epidemias. Esses dados são coletados
a partir da observação de pessoas e de doenças e agravos em
saúde. A partir da observação de pessoas, podem ser
investigados os fatores de risco, os prognósticos para a
doença, a eficácia de dada vacina/medicamento (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2009). A observação de doenças e agravos permite
detectar as variações de tendências e a frequência dos
problemas de saúde, identificando as doenças e agravos com
valores altos e baixos. Também possibilita traçar o perfil das
doenças, priorizar problemas e agir em função do diagnóstico
da situação. Faz parte da VE o Centro de Controle de Zoonoses,
que realiza atividades dirigidas aos vetores (Aedes sp.,
flebotomíneos e outros), reservatórios e hospedeiros
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
Esses dados são coletados a partir da observação de pessoas e
de doenças e agravos em saúde. A partir da observação de
pessoas, podem ser investigados os fatores de risco, os
prognósticos para a doença, a eficácia de dada
vacina/medicamento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). A observação
de doenças e agravos permite detectar as varia- ções de
tendências e a frequência dos problemas de saúde, identifi-
cando as doenças e agravos com valores altos e baixos. Também
possibilita traçar o perfil das doenças, priorizar problemas e
agir em função do diagnóstico da situação. Faz parte da VE o
Centro de Controle de Zoonoses, que realiza atividades
dirigidas aos vetores (
Aedes
sp., fleboto- míneos e outros), reservatórios e hospedeiros
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). Na figura ao lado temos o Centro
de Controle de Zoonoses, pertencente à Vigilância
Epidemiológica do município de Guaratinguetá (SP). Essa
instituição tem a função de controle de vetores, e suas
atividades são voltadas para os reservatórios e hospedeiros de
doenças que acometem os animais
Outro desafio da VE são as doenças emergentes e
reemergentes. As doenças emergentes são aquelas cujos
agentes, até então, são desconhecidos, ou as que se expandem
ou ameaçam expandir-se para áreas consideradas indenes. A
infecção pelo HIV é um exemplo. As doenças reemergentes são
aquelas doenças bastante conhecidas, que estavam
controladas, ou eliminadas de uma determinada região, e que
vieram a ser reintroduzidas, como a cólera e a dengue
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
Zoom no Conhecimento
A VE alimenta muitos sistemas de informação do SUS. O mais
importante deles é o Sistema Nacional de Informação de Agravos
de Notificação, o SINAN, que é uma base de dados que contém
valiosas fontes de informação sobre a ocorrência de doenças e
agravos sob vigilância epidemiológica, e que se utiliza do
registro rotineiro de dados sobre saúde, derivado da produção
de serviços ou de sistemas de informação específicos. As
principais fontes são os laboratórios e hospitais que emitem
resultados de exames laboratoriais e, na rotina da VE,
complementam o diagnóstico de confirmação da investigação
epidemiológica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
Com a utilização das ferramentas epidemiológicas para a
determinação da situação de saúde, podemos observar muitas
conquistas ao longo dos anos: o Brasil interrompeu transmissão
da doença de Chagas pelo vetor
Triatoma infestans
; o índice de tétano neonatal caiu abaixo do limite
estabelecido; a síndrome da rubéola congênita tornou-se um
evento raro no país; os casos de óbitos por coqueluche
diminuíram (
Corynebacterium diphtheriae
); o número de internações de casos por complicações de
influenza decresceu após a vacinação, dentre outras
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
O fortalecimento da VE se dá pela realização de cursos de
longa duração, como o Programa de Capacitação e Formação de
Recursos Humanos, os mestrados e as especializações
profissionalizantes; o Programa de Atualização em
Epidemiologia Aplicada à Gestão; os cursos de curta duração
ministrados pela Funasa, pela OMS, pela Fiocruz, pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro e outros; por
Cooperação internacional e pela faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
Novos desafios
Estudante, você aprendeu a aplicação de algumas ferramentas
epidemiológicas, como os indicadores de saúde e a Vigilância
Epidemiológica (VE). Pode entender que a construção dos
indicadores e as ações de VE ocorrem diariamente ou de forma
periódica.
Conhecemos as estratégias metodológicas para realizar os
estudos epidemiológicos, desde o surgimento da pergunta
científica, passando pela detecção do problema e pela
formulação de hipóteses até a solução do problema e a
validação da hipótese.
Descrevemos o conceito de dados, como realizar a coleta de
dados e a importância da transformação dos dados em
informação. Nós caracterizamos as variáveis epidemiológicas
(qualitativas e quantitativas; contínuas e discretas;
dependentes e independentes; resposta e preditora) e citamos
as fontes para coleta dos dados (IBGE, SINAN, SIM e outras
bases). Você também pode compreender o papel das informações
para determinar a situação de saúde, planejamento e gestão em
saúde.
Descrevemos também como expressar os resultados
epidemiológicos em frequências, absoluta e relativa
(porcentagem, coeficientes e taxas). Abordamos o conceito de
indicador de saúde e apresentamos os principais indicadores,
morbidade e mortalidade, seus cálculos, interpretações e
limitações. A partir disso, você pode compreender a
importância desses parâmetros para o planejamento de ações e
serviços em saúde pelos gestores e para a avaliação de
programas e serviços de saúde.
Finalmente, fizemos uma síntese de como atua a Vigilância
Epidemiológica e vimos que a observação das pessoas e das
doenças e agravos em saúde, rotineiramente ou de forma
periódica, é fundamental para se estabelecer a situação de
saúde de uma população, identificar fatores determinantes e
condicionantes de saúde, avaliar ações e programas e subsidiar
as tomadas de decisão.
Assim chegamos ao fim... Espero que você tenha compreendido as
funções e como utilizar a metodologia epidemiológica e os
indicadores de saúde para o estudo da situação de saúde das
populações, assim como que tenha entendido a importância da
Vigilância Epidemiológica nas atividades diárias dos serviços
de saúde e gestão.
Espero que tenha tirado máximo proveito desse conteúdo.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA FILHO, N. de; BARRETO, M. L. Epidemiologia &
saúde: fundamentos, métodos, aplicações. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2011, p. 699.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em
Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia
de vigilância epidemiológica. 7. ed. Brasília:
Ministério da Saúde, 2009.
PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. 6. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002, p.596.
PREFEITURA DE SÃO PAULO. Transmissão de hepatite B e C.
Secretaria Municipal de Saúde.
ROTHMAN, K. J.; GREENLAND, S.; LASH, T. L. Epidemiologia
moderna. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011, p. 887.
ROUQUAYROL, M. Z.; ALMEIDA FILHO, N. de. Epidemiologia
& Saúde. 5. ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 1999, p. 600.
FRANCO, L. J.; PASSOS, A. D. C. Fundamentos de
Epidemiologia. 2. ed. Barueri: Manole, 2011, p. 424.
GORDIS, L. Epidemiologia. 4. ed. Rio de Janeiro:
Revinter, 2009, p. 392.
MEDRONHO, R. de A.; BLOCH, K. V.; LUIZ, R. R.; WERNECK,
G. L. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009, p.
685.
WERNECK, G. L. Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu,
2009, p. 685.